sábado, 12 de setembro de 2009

Mensagem de Joanna de Angelis - CONSIDERANDO A LIBERDADE


CONSIDERANDO A LIBERDADE


Ardorosos propagandistas da liberdade ateiam o fogo da revolução, propondo a destruição dos impositivos escravagistas, fomentando lamentáveis guerras de extermínio, em cujos campos juncados de cadáveres são hasteadas as bandeiras dos "direitos dos homens".

Sinceros lidadores do bem, apiedados da situação dos escravos submetidos a hediondo jugo, por preconceito de cor, de raça, de religião, estimulam os ideais de liberdade, arrojando fora as cangas impiedosas da dominação arbitrária, muitas vezes doando a própria vida em favor da causa que abraçam.

Diplomatas infatigáveis exaurem-se em tentativas de acordos pacíficos, lutando tenazmente para arrancar da servidão povos minoritários e nações esfaceladas pelas lutas intestinas ou alienígenas, restaurando-lhes a liberdade.

Economistas cuidadosos e sociólogos abnegados trabalham afanosamente, conquistando para os diversos povos da Terra a liberdade através do equilíbrio da balança financeira internacional, que ainda padece de monopólios infelizes.

Sanitaristas e profissionais da saúde mergulham nos laboratórios de pesquisa, buscando debelar as causas matrizes das doenças que dizimam multidões, oferecendo-lhes a liberdade de movimento e equilíbrio, na conjuntura carnal.

A liberdade real, no entanto, transcende aos fatores e circunstâncias ambientais.

Com sabedoria ensinou o Mestre: — "Buscai a verdade e a verdade vos libertará."

Somente a perfeita identificação da criatura com o Criador concede-lhe a liberdade plena.

Nos países civilizados, onde os ideais da liberdade levantaram respeitáveis estados democráticos, pululam os escravos das ambições inferiores que menoscabam os direitos do próximo e promovem métodos de abomináveis dependências; transitam pelas imensas avenidas do Orbe os dependentes das drogas sob estigmas cruéis; movimentam-se milhões de submissos à sexualidade tresvariada1, em estados desesperadores; multiplicam-se os dependentes de viciações várias a que se entregam, em marcha inexorável para o suicídio ou a loucura...

Prisioneiros das necessidades dissolventes não fruem das liberdades humanas, antes, delas se utilizam, para mais vitalizarem os caprichos e os condicionamentos a que se jugulam2, em alucinadas buscas do prazer extenuante.

Respeita os heróis de todos os povos, que libertaram as pátrias da subjugação externa, sacrificando-se pelo ideal que abraçavam.

Luta, no entanto, pela libertação interior dos algozes que residem no teu mundo íntimo, vencendo com crueldade os teus propósitos superiores.

Livre é todo aquele que ama, serve e crê, não se impondo a ninguém e porfiando no combate da luz contra a treva que tenta obstaculizar3 a verdade que liberta para sempre.

...E se for necessário dar a vida física, sob qual condição seja, para que a mensagem do Senhor atinja as criaturas do teu caminho, alegra-te e doa-a, porquanto morrendo, nascerás para a vida plena e livre.


Joanna de Ângelis
Livro: Otimismo [Divaldo P. Franco]


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tresvariado - acompanhado de desatinos; acompanhado de falta de juízo.
jugular - dominar moralmente ou pela força.
obstaculizar - criar dificuldade, impedimento, obstáculo.


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