sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Divulgação: Palavras aos Pais e aos Evangelizadores da Infância

Palavras aos Pais e aos Evangelizadores da Infância

 
"Encarnando, com o objetivo de se aperfeiçoar, o Espírito, durante esse período, é mais acessível às impressões que recebe, capazes de lhe auxiliarem o adiantamento, para o que devem contribuir aqueles incumbidos de educá-lo"
                            (O L.E., 383)
 

 
A visão que se tem da criança pela ótica espírita difere fundamentalmente daquela que é sustentada pelas doutrinas que pregam a unicidade da existência corpórea. Para essas correntes de pensamento religioso, a criança traz, ao nascer, apenas os ascendentes biológicos, que seriam herdados dos antepassados próximos ou remotos. A concepção espírita difere, também, de outras doutrinas reencarnacionistas que consideram a volta do Espírito ao mundo material apenas com fins punitivos ou, quando muito, para o cumprimento de uma missão.

O Espiritismo não nega a reencarnação missionária, e ensina que aquilo que é visto como punição é apenas o funcionamento da lei de causa e efeito. Entretanto, vai além, ampliando a compreensão da própria vida, ao revelar o aspecto evolutivo da reencarnação.

Vista sob essa ótica, a criança é um Espírito imortal, detentor de imensa bagagem de experiências vivenciadas em outras épocas, herdeira de si mesma, que retorna à Terra, a fim de adquirir novos conhecimentos e, principalmente, de reformular sua maneira de proceder, ajustando-a, tanto quanto possível, aos postulados do Evangelho de Jesus. Assim, aprende-se, no Espiritismo, que a reencarnação tem por objetivo o prosseguimento da jornada evolutiva do Espírito.

Ao responderem a Kardec a respeito da utilidade de passar pelo estado de infância, os Espíritos Superiores atribuíram a responsabilidade da execução dos procedimentos educativos, não só aos pais, mas a todos aqueles que têm oportunidade de propiciar à criança ensinamentos e exemplos que a ajudem a adquirir novos conhecimentos e a reformular seu modo de proceder, ou seja, de reeducar-se através do esforço consciente, no sentido de exteriorizar sua luz, herança divina de que todos os Espíritos somos dotados, conforme ensinamento de Jesus (Mt, 5: 16).

Dentre esses "incumbidos de educá-lo", conforme expressão dos Espíritos (O E.s.E., cap. 14, item 8), estão os evangelizadores da infância, ligados a esses irmãos recém-chegados do Mundo Espiritual, não pelos laços da consangüinidade nem do parentesco físico, mas pelos mais sagrados elos da nobre tarefa assumida perante o Evangelizador Maior. Entende-se, assim, que foram admitidos num trabalho que é continuação daquele iniciado no Mundo Espiritual, na preparação do Espírito para sua volta às lides terrenas. Ao ser considerada a Escola Espírita de Evangelização como um Posto Avançado do Mundo Espiritual, deve-se meditar sobre a extensão e a responsabilidade da tarefa que é atribuída ao evangelizador.

Consciente dessa grave responsabilidade, qual seja a de iluminar consciências, urge que se prepare convenientemente através da oração sincera, da meditação serena, do estudo edificante, a fim de que a sua palavra, portadora de carga magnética gerada na convicção profunda, e não apenas na informação superficial, possa tocar os pequeninos, pois quem não está convencido do que diz, raramente consegue convencer alguém. Como exemplo, é oportuna a lembrança das palavras do Benfeitor Alexandre, citadas no livro "Missionários da Luz", à página 311: "O companheiro que ensina a virtude, vivendo-lhe a grandeza em si mesmo, tem o verbo carregado de magnetismo positivo, estabelecendo edificações espirituais nas almas que o ouvem. Sem essa característica, a doutrinação, quase sempre, é vã." Desse modo, a palavra suave, embora firme, abrirá as portas do entendimento da criança, propiciando oportunidade à semeadura das lições do Evangelho, agora explicado à luz da Doutrina Espírita. 

Deve, o evangelizador, ter consciência de que a Escola Espírita de Evangelização – chamada afetivamente  de "escolinha" – é, malgrado o pouco tempo de que dispõe para o convívio com a criança, apesar da incompreensão da maioria dos dirigentes de centros espíritas, e das dificuldades materiais, a escola que mais esclarece no mundo, aquela mais propícia à implantação dos tempos novos, face aos ensinamentos libertadores, capazes de levar o evangelizando a uma mudança de mentalidade, que o capacitará a colaborar efetivamente na implantação de uma sociedade mais justa, mais humana, mais fraterna, conforme preconizam os Espíritos.

Importa seja lembrando também que o Espiritismo, ao trazer de volta os ensinamentos de Jesus, na sua simplicidade, objetividade e pujança originais, anula aquele sentimento místico do comparecimento ao templo – assim chamado casa de Deus – e revela o mundo como oficina da vivência religiosa, portanto do aperfeiçoamento espiritual. Anula, também, outro referencial religioso, além do templo, qual seja a figura do guru, do sacerdote, do pastor.
Tendo isso em mente, deve o evangelizador meditar sobre o que ele representa para a criança, que o observa efetivamente como referencial religioso, malgrado o seu empenho em mostrar-lhe os verdadeiros referenciais nas figuras veneráveis que, através dos tempos, têm trazido suas contribuições para a iluminação da criatura humana, no que se destaca a figura maior de Jesus.

Assim pensando, deve o evangelizador empenhar-se, com toda a força do seu entendimento, no sentido de aprimorar-se cada vez mais para a execução do seu trabalho junto à criança. Esse aprimoramento envolve três aspectos principais, que devem ocupar o primeiro plano das suas preocupações: o pensar, o sentir e o fazer.

O pensar leva-o à reflexão, à conscientização plena do valor do seu trabalho. Quando medita sobre sua atuação no setor de evangelização infantil, deve avaliar o nível do seu comprometimento com a tarefa; que espaço ela ocupa em sua mente; quantas horas por semana dedica ao preparo da mensagem que levará à criança que espera dele a orientação, a fim de que caminhe com segurança neste mundo tão conturbado da atualidade. Sem que se julgue grande missionário ou Espírito iluminado, é justo que tenha consciência da relevância e do valor da tarefa a que se dispõe, ainda que a sua turma de evangelizandos seja pequena, que seja "turma" de um só!

E quando o assalte alguma dúvida a respeito da validade do seu esforço, deve lembrar-se de que no trabalho mediúnico de desobsessão – que deveria denominar-se "evangelização do desencarnado" – um grupo de várias pessoas se empenha, às vezes durante muito tempo, no encaminhamento de um único Espírito que trilha caminho equivocado, não raro por não ter sido evangelizado na infância.

Ao serem examinados os resultados das tarefas desenvolvidas nas instituições espíritas, fica evidente que a Evangelização da criança é a atividade mais importante, de vez que beneficia o Espírito desde a fase infantil, influenciando seu proceder, dando-lhe diretrizes que o ajudarão não só nesta sua passagem pela Terra, mas que servirão como farol a iluminar-lhe a consciência em sua vida de Espírito imortal. Por isso é que, embora reconhecendo o valor das outras tarefas desenvolvidas nos centros espíritas, chega-se facilmente à conclusão de que a Evangelização da Criança deveria ter primazia, deveria ser atividade olhada com a maior responsabilidade por parte dos dirigentes das instituições espíritas, por ser a encaminhadora do Espírito, numa verdadeira continuação do trabalho iniciado no Mundo Espiritual, durante os preparativos para sua volta.

É a consciência profunda do insubstituível valor da tarefa que deve alentar o evangelizador nos momentos de desânimo, quando a incompreensão dos dirigentes da casa onde trabalha, a falta de espaço físico, de material apropriado, a falta de cooperação dos próprios pais, as dificuldades com a criança – todas essas dificuldades quiserem tirá-lo dessa seara bendita a que foi convocado.
O Evangelizador deve empenhar-se, também, no desenvolvimento da sua capacidade de sentir. Todos temos em nós o amor, em estado de latência. Essa herança divina, que o Espírito vai revelando através dos séculos sucessivos, pode ter sua exteriorização acelerada pelo esforço consciente da criatura. E o evangelizador é desafiado ao esforço de amar, pois quem não ama não tem condição de suscitar nos pequeninos o desejo de amar. O pensar é muito importante, imprescindível mesmo. Mas o pensar sem o sentir pode levá-lo a uma postura muito fria, muito calculada que, embora matematicamente certa dentro dos parâmetros meramente pedagógicos, vistos do ângulo acadêmico, não se coaduna com o espírito do trabalho de evangelização, que deve primar pelo incentivo ao desenvolvimento das virtudes preconizadas pelo Evangelho.

E, quando após anos de trabalho junto a uma criança souber que ela se desviou, a partir da adolescência ou da juventude, o evangelizador não deve desanimar, julgando perdido todo o seu esforço ao longo de anos sucessivos. O Bem nunca se perde. Mais cedo ou mais tarde, às vezes com o concurso da dor, as sementes recolhidas com os risos da infância germinarão, até mesmo regadas pelas lágrimas na idade adulta. 
 
 
                      José Passini
          Juiz de Fora  MG

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Realizações I [Emmanuel]

Não digas que a grandeza de Deus te dispensa do bem a realizar.
Deus é a Luz do Universo, mas podes acender uma vela e clarear o caminho para muita gente dentro da noite.

Emmanuel












segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Mensagem de Joanna de Angelis - Incursão na consciência


Incursão na consciência

Remontando-se à origem da vida nos mais remotos passos, encontra-se a presença do psiquismo originado em Deus, aglutinando moléculas e estabelecendo a ordem que se consubstanciou na realidade do ser pensante. Etapa a etapa, através dos vários reinos, essa conscência embrionária desdobrou os germes da lucidez latente até ganhar o discernimento vasto, plenificador.

À medida que a complexidade de valores se torna unificada, por atavismo1 das experiências anteriores, os conflitos e os distúrbios que respondem na área psicológica pelos muitos problemas que o afligem.

Faz-se então indispensável, ao adquirir-se o conhecimento de Si, o aprofundamento da busca da sua realidade, deslindando os complicados mecanismos viciosos que impedem a marcha ascensional e não o levam à realização total.

Os impulsos orgânicos propelem sempre para a comodidade, a satisfação dos instintos, o imediatismo do prazer, a prejuízo da meta essencial: a libertação dos processos determinantes dos renascimentos carnais, que são as paixões primitivas.

A atração pelo mundo exterior conduz, por sua vez, a inumeráveis distonias emocionais, que atormentam e desvairam o indivíduo, afugentando-o de si mesmo num rumo difícil de ser mantido.

Somente através de um grande empenho da vontade é possível olhar para dentro e pesquisar as possibilidades disponíveis para melhor identificar o que fazer, quando e como realizá-lo.

Trata-se, essa tarefa, de um desafio que exige intenção lúcida até criar o hábito da interiorização, partindo da reflexão para o mergulho no oceano do Si, daí retirando as pérolas preciosas da harmonia e da plenitude, indispensáveis à vivência real de ser pensante. A mente não adestrada nessa busca hesita e
retrai-se, impedindo-se o descobrimento dos recursos inimagináveis, que esperam para ser desvelados.

As tendências ao relaxamento e ao menor esforço, inerentes ao processo da evolução pelo trânsito nas fases anteriores, dificultam os procedimentos iluminativos imprescindíveis.

Na excursão ao mundo objetivo o ser adquire conhecimentos intelectuais e experiências vivas das realizações humanas; no entanto, apenas no esforço de interiorização conseguirá identificar- se com os objetivos essenciais da sua realidade, harmonizando-se.

Adquirir a consciência plena da finalidade da existência na Terra constitui a meta máxima da luta inteligente do ser.

O Evangelho refere que Jesus asseverou, conforme as anotações de Mateus, no capítulo seis, versículos vinte e dois e vinte e três: a candeia do corpo são os olhos.

Se estes, pois, forem simples, todo o teu corpo fiará2 luminoso; mas se forem maus, todo o teu corpo ficará às escuras. Se, portanto, a luz que há em ti são trevas, quão densas são as trevas!

Nessa figura admirável, o Psicoterapeuta por excelência estabeleceu a essencialidade da vida nos olhos, encarregados da visão, a fim de que, despretensiosos dos aparatos transitórios do mundo, mergulhem na luz interior, de modo que tudo se faça claridade.

O reino da luz é interno, sendo imperioso penetrá-lo, para que as trevas da ignorância não predominem, densas e perturbadoras.

Os olhos espirituais - a mente lúcida - são a chama que desce ao abismo da individualidade para iluminar os meandros sombrios das experiências passadas, que deixaram marcas psicológicas profundas, ora ressumando de forma negativa no comportamento do ser.

Insatisfação, angústia, fixações perturbadoras são o saldo das vivências perniciosas, cujas ações deletéias não foram digeridas pela consciência e permanecem pesando-lhe na economia emocional.

Manifestam-se como irritabilidade, mel-estar para consigo mesmo, desinteresse pela vida, idéias autodestrutivas, em mecanismos de doentia expressão, formando quadros psicossomatológicos degenerativos.

Quaisquer terapias, para fazê-los cessar, terão que alcançar-lhes as raízes, a fim de extirpá-las, liberando os núcleos lesados do psiquismo e restaurando-lhes a harmonia vibratória ora afetada.

Trata-se de uma experiência urgente quão desagradável nas primeiras etapas, porquanto, a exemplo de outros exercícios físicos, causam cansaço e desânimo, resultantes da falta desse hábito salutar, até que, vencida essa primeira fase, comecem a produzir leveza e rapidez de raciocínio, lucidez espiritual e inefável bem-estar.

Cada vez que é vencido um patamar e superados os impedimentos castradores e de culpa, mais amplas possibilidades se apresentam, liberando o indivíduo dos conflitos habituais e equipando-o de legítimas alegrias.

A vida se lhe torna ideal, e a morte não se afigura desagradável, por vivenciá-la nos estados de meditação, sentindo-se o mesmo no corpo ou fora dele.

Interiorizar-se cada vez mais, sem perder o contato com o mundo físico e social, deve ser a proposta equilibrada de quem deseja realizar-se no encontro com os valores legítimos da existência.

Podemos considerar que esse tentame leva o experimentador do mundo irreal - o físico - para o real - o transpessoal - gerador e causal de todas as coisas.


Joanna de Ângelis
Livro: Autodescobrimento [Divaldo P. Franco]


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atavismo - reaparecimento, no ser animal ou vegetal, de características só existentes em ascendentes relativamente afastados; semelhança com os avós.
fiar - reduzir a fio (os filamentos ou fibras têxteis); (fig.) tramar; urdir, tecer.