quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Dia de Finados

Dia de Finados

Azamor Cirne

 

"A Morte é o veículo condutor encarregado de transferir a mecânica da vida de um apara
outra vibração". - Joanna de Ângelis

 

Dizer que a existência dos Espíritos foi invenção de Allan Kardec, não passe de uma inverdade formulada, a priori, sem conhecimento de causa. Ora, não se inventa o que está na Natureza. Newton não inventou a Lei da Gravitação. Esta lei já existia, antes dele. Pasteur não inventou as bactérias; elas já existiam. Estes cientistas, apenas, as descobriram. São muitos os exemplos.

 

Allan Kardec nada julgou, a priori. As experimentações positivas, por ele realizadas, vieram revelar os fatos e confirmar, a posteriori, as teorias. Foram os próprios Espíritos que se revelaram, como sendo as almas dos mortos.

 

Ao Espiritismo, isto sim, coube a honra de ter sido o primeiro a se interessar, de maneira séria, e observar, cientificamente, a origem, a natureza e o destino dos Espíritos, depois da morte do corpo físico, além de comprovar as comunicações que podem estabelecer com os encarnados.

 

Aliás, entre os fundamentos dessa Doutrina, quatro estão na base de todas as religiões: Deus, alma, imortalidade e vida futura.

 

"A idéia vaga da vida futura acrescenta a revelação da existência do mundo invisível que nos rodeia e povoa o espaço, e, com isso, precisa a crença, dá-lhe um corpo, uma consistência, uma realidade à idéia"- afirma o Codificador.

 

Após o fenômeno da morte a alma (Espírito) desprende-se do corpo, com o rompimento do laço sutil que a prendia: o cordão fluídico. No mundo dos Espíritos - que é o mundo normal, primitivo, eterno, preexistente, e sobrevivente - o Espírito, ligado ao corpo espiritual (perispírito) passa por um estado de perturbação, com quem acorda de um sonho, em um outro lugar. Sua mente, já desligada do cérebro, portanto, traz-lhe à consciência os registros (lembranças) dessa última existência e de outras.

 

Como a Doutrina refuta a hipótese de céu e inferno, inclusive, por questão de lógica, o desencarnado não vai desfrutar dos gozos eternos e nem estará, irremediavelmente, condenado ao suplício interminável. Aqueles que estiverem condicionados aos interesses mundanos, materiais, que os prendiam, quando na Terra, continuam a eles atraídos, na ilusão de, ainda, controlá-los; perturbados e perturbando a quem eles se acercam. Assim, permanecem, até que encontrem o esclarecimento fraterno, em nome do Amor.

 

O Dia de Finados, em si, não representa nada de especial, para quem, daqui, já partiu. Nessa data, como em qualquer outra, eles são mais tocados pela lembrança que deles se tenha. Os espíritas não acendem velas para os mortos e sabem que o cemitério não é o lugar dos Espíritos, a não ser que os evoquem, prática que, em princípio, foge à sua orientação doutrinária.

 

Todavia, a Doutrina nos ensina a respeitar a crença e os sentimentos alheios, como gostaríamos que respeitassem os nossos, pois "coração dos outros é terra aonde ninguém anda".

 

Na questão nº 212 de "O Livros dos Espíritos", encontramos o "porquê" que complementa o nosso parágrafo anterior: "Aquele que visita um túmulo, apenas manifesta, por essa forma, que pensa no Espírito ausente. A visita é a representação exterior de um ato íntimo. Já dissemos que a prece é que santifica o ato de rememoração. Nada importa o lugar, desde que é feita com o coração".

 

Na de nº 934, Kardec indaga dos Mentores da Codificação a respeito da perda de entes queridos, recebendo, como resposta, o imenso bem da esperança e do consolo de que a vida continua: "Essa causa de dor atinge, assim, o rico, como o pobre; representa uma prova ou expiação e lei para todos. Tendes, porém, uma consolação, em poderdes comunicar-vos com os vossos amigos, pelos meios que vos estão ao alcance, enquanto não dispondes de outros mais diretos e mais acessíveis aos vossos sentidos".

 

O próprio Jesus, o Mestre, por excelência, deu-nos o maior exemplo de que a vida continua após a morte, aparecendo, como a outras pessoas, em lugares diferentes.

 

"A vida não termina, onde a morte aparece. Não transformes saudades, em fel, nos que se foram (...)" Emmanuel / Chico Xavier, Uberaba-MG, 11.10.78.

 
Tribuna Espírita - Setembro/Outubro de 2000

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